domingo, 2 de setembro de 2007

Pé na Estrada

"...Era uma bela tarde de sexta-feira, nada mais podia-se afirmar sobre aquela bela tarde de sexta-feira, apenas que era bela. O Sol esquentava a cabeça com uma convicção tão grande que conseguia-se imaginar que a única função que ele realmente tinha se proposto a fazer na vida, era provar que ele realmente conseguiria fritar um ovo em sua cabeça. De qualquer forma dois homens rasgavam a geografia do Brasil, contrariando convenções, contrariando acordos e contrariando acima de tudo, seus próprios medos. Deslisavam dentro de um carro de uma maneira sorrateira, silenciosa e bastante destemida, o motorista, no controle da situação parecia tão intimo da estrada que a fitava com aquele velho olhar de quem já sabia o que aconteceria. Dois velhos conhecidos. Sabia um dos segredos do outro. O passageiro, mais jovem, ao lado ia prestando atenção em tudo, com seu ímpeto juvenil não deixava de vociferar um pensamento seu. Conversava constantemente. Tal qual fosse a última conversa que ele teria na vida. Acreditava nas coisas ainda, tinha seus sonhos, suas ideologias e claro, muito tempo para pensar em como lidar com suas desilusões. O motorista, mais velho, ouvia tudo atentamente. Nos momentos de repovação olhava pelo canto dos olhos. Nos de aprovação nada fazia. Apenas curvava levemente os lábios e continuava com os olhos fixos na estrada. Olhava-a com tal fixação que chegava a ser curioso. De repente atingiram uma região de campos desta geografia in terra brasilis, o silêncio tomou conta do veículo, era o final desta tarde de sexta feira que havia sido bela. O pôr do sol era lento, vagabundo e o céu tomou uma cor laranja, ao som dos bons e velhos Beatles os dois homens não tinham outra opção senão chegar a uma conclusão, e a conclusão foi essa: Todas as pessoas preocupam-se com a sua hora, qual vai ser a sua hora, quando vai chegar a sua vez. Mas todas essas pessoas deixam algumas boas horas passarem. Esses homens não se preocupavam com isso. Não naquele momento. Pois chegaram ao consenso de que o importante era fazer sua própria hora, e não esperar ela chegar. E seguiram em frente. Pois tinham que chegar em casa. Ao som dos bons e velhos Bealtes. E era um fim de tarde realmente lindo. E nada mais..."

William Biagioli. 19 anos vivendo e não aprendendo. No dia Dois de Setembro de Dois Mil e Sete

Um Abrassão para os senhores e Até a próxima.

Um comentário:

Unknown disse...

Me senti no carro nessa bela tarde de sexta feira... muito agradavel..relaxante...
Naty