domingo, 19 de outubro de 2008

MAGIC

Aviso aos navegantes....
Tive o prazer de assitir FUERZA BRUTA, na sexta-feira que passou.
Só digo uma coisa: INCRÍVEL...
Foi o melhor lugar que já fui.... É caro, é... mas vale... é tão legal que não consigo nem explicar, e nem vou perder tempo tentando...
Quem puder: até 9 de novembro no Parque Villa Lobos.
Eu vou de novo! Bora?

sábado, 11 de outubro de 2008

Ah que tristeza.
Ela vive esperando o dia de sua morte.
Seu olhar carrega tanta, mas tanta tristeza que ninguém seria capaz de tentar contar.
Suspiros, lágrimas, angústia e o pior... culpa.
Queria poder fazer alguma coisa
Tento ajudar de alguma forma
Ligo, conto, pergunto, convido
Mas ela continua esperando o dia de sua morte.

Não dá para imaginar como é viver para morrer
Acordar para sofrer.....

Suícidas são egoístas... são injustos... e mesmo com tanta saudade que sinto.....
imagino que talvez nem isso seja merecido!!!


Por Tassiana - amiga de uma suícida que me deixa com muita saudade e me machuca o coração pelo que causou a sua mãe!

Desculpa a melancolia ou sei la o que..nao estou triste, mas toda vez que vejo aquela mulher, fica nitido como ela vive esperando o dia de morrer e acabar com tudo isso. É foda!
Mas eu nao estou triste, nao estou depressiva nem nada do tipo...as vezes um desabafo...

nada além

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

...e ele, persistia. Ela, desmotivada, não dormia, não se conformava e esperava uma única resposta... que nunca vinha.
Mentira
Mentira
Mentira
As palavras que saiam de sua boca não vinham do coração, então de nada valiam.
Não sei quem tu és, ela falava.
Sou assim. Mas não era!
A angústia de não ter certeza, de não saber se está pisando no chão, ou vivendo nas nuvens...
Não é poesia, não é romantismo. Não se sabe o que é.
E saberá?
Quem sabe?

Persisita, mentira, mentira.
O dia só tem 24 horas. Nada além.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Revolução Molotov

"...e o menino, desesperado ao ver sua mãe ser espancada e absurdada pelos marginais, enloqueceu!
Depois de enterrar àquela que o colocou no mundo, resolveu se vingar.
Tinha sangue nos olhos. Jurou às cinzas da mãe, que aquele que a fizeste sofrer, haveriaa de pagar, e que pagaria com a própria vida.
Pensou e teve uma idéia.
Sozinho, saiu... parou no lugar exato onde o sangue de seu sangue havia perdido a vida.
Andou....
Ao chegar onde queria, em plenas 3 da madrugada, uma explosão...
O cheiro de querosene, as chamas.... a vingança....
A história estava apenas começando...."


Por Tassiana Ghorayeb Laden Hussein Resende

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Still Alive!

E para quem pensou que eu tinha MORRIDO, surpresa!!!
Mais viva do que nunca, mais sagaz que o homem fumaça, mais engraçada que piada do Bozo... Tassiana Resende resolveu dar as caras!
Boa noite... Ai que saudade!!!!

Como vão, amigos, leitores, fantasmas?

Este post é para dizer que eu não desisti!! Consegui 5 minutos para deixar registrada algumas palavras!


O tempo passa, o mundo muda, as tecnologias evoluem, e eu continuo querendo escrever contos, cronicas e histórias!

Alias, quem gostaria de ir ao Woodstock comigo?
To muito afim de dar uma passada lá!

Vai ter Janis amanhã!
Bom quem estiver afim já sabe!!!


Beijos me liga?

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mais uma vez é carnaval.

Só pra dizer que meu desempenho em vestibulares continua 100%.

Abraço a todos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Desaforismos

O Reinaldo é o melhor Moraes desde o Vinicius.





W.B

sábado, 2 de agosto de 2008

Na mesa de jantar.

Sai para jantar, sozinho, e voltei com o saco completamente cheio. Não que eu estivesse com vontade de ir ao banheiro, por enquanto a Coca Zero que eu tomei continua banhando meu estômago. Voltei com o saco cheio dos namorados e namoradas. Dor de cotovelo? Também.

O fato é que ultimamente, como o sempre intrépido Cléber Machado gosta de ressaltar, as coisas tem ficado um pouco mais sem-graça. Se já não existiam lá muitas coisas com as quais agente pudesse se esbaldar, ultimamente elas foram ficando ainda mais escassas.

A minha última bronca é com o namoro. O namoro virou uma instituição. Daquelas bem segregacionistas, pois é, consigo imaginar em um futuro próximo alguns lugares que proibam a entrada de "Solteiros"

-Opa amigo, quanto que é para entrar?
-r$ 20,00 para cada.
-Como assim "para cada" amigo?
-Só pode casal amigo, e agora dá licença que o senhor está "empacando" a fila.
-Mas e se eu quiser entrar sozinho?
-Vai ter que achar outro lugar. O senhor pode me dar licença?

Não existe problema nenhum, ao menos pra deixar o papo menos moralista, em namorar. Oras quem quiser que namore. O problema é que hoje eu vi inúmeros casais com as mãos entrelaçadas quase que em uma obrigação moral, como se fizesse parte de uma cartilha, daquelas que os caras entregavam em décadas passadas e que basicamente delineava um certo tipo de comportamento. Parem com essa besteira!

Entre uma garfada e outra do meu excelente Kibe Cru com molho de gengibre, eu vi esses casais passando, de mãos dadas e frios como uma geladeira no Pólo Norte. Aonde foram parar as caminhadas vagarosas, que iam com passos lentos, meio tímidos, numa caminhada que mais parecia um balé, onde alguns passos eram trocados por afagos, e carinhos, beijinhos ao pé do ouvido, aonde foram parar?
Aonde foi parar a intimidade? Os casais que eu vi hoje pareciam que mal se conheciam, não me estranharia se na cabeça deles ocorresse: "Eu estou segurando uma mão. De quem será?" Aquele sentimento gostoso de conhecer alguém estimulante, para as meninas um rapaz, e para um rapaz uma menina. Não senhor, hoje em dia os novos casais andam como máquinas, qualquer semelhança com a clássica cena do filme: The Wall do Pink Floyd é mera coincidência.

As mulheres, lindas em seus impávidos colossos de lábios, cabelos e charme também sucumbiram aos tempos modernos. Um andar sem graça, digno da mais pura Norueguesa. O charme da brasileira sumiu no meio do shopping. Elas estão mais provocantes, do que insinuantes. Se é que existe alguma diferença. Para este escritor que escreve, e a voz na sua cabeça que você ouve quando lê, sim, existe uma diferença.

Assim como tudo que vira estabilishment necessariamente torna-se um saco, o namoro é um deles.
E então me mandei daquele lugar e coloquei meus pés no chão. Tremendo banho de realidade para uma noite de sábado que apenas começava.

No caminho de volta fui brindado pelos Deuses com uma cena redentora. Um casal que que facilmente já tinha passado das cinquenta (com trema, mas não sei onde fica no teclado) primaveras, (fato esse comprovado por esse escritor pois os dois falavam de Leila Diniz, a musa da bossa.) andando vagarosamente, conversando francamente, e não como um casal de mongolóides que me deram o prazer de ouvir alguns poucos minutos de sua conversa, enquanto eu ainda jantava, sobre estratégias para crescer dentro de uma corporação. Pois é, este casal que eu tive o prazer de acompanhar por 30 segundos me deu uma boa sensação, a de que nem tudo foi pro saco, pelo menos nem tudo ainda. E eles continuaram em seu balé no asfalto, abraçadinhos, conversando, rindo seus risos e chorando suas pitangas. E quanto a mim, só me restaram as teclas.

Até a próxima.

William Biagioli
(02/08/2008)

Aqui, ali e acolá.

Eu estive por aí. Andei pelas ruas da tua cidade. Vi as luzes cintilantes de um frenesi de átomos e zumbidos incessantes. Subi tuas subidas, e desci tuas descidas, me desculpe a redundância meu caro, mas é que vai fazer tantas subidas, e tantas descidas, lá no inferno. Desculpe, no inferno não há subidas, é um caminho estreito e direto na descendente.
E continuei por ali, aqui e acolá. Senti o sopro da madrugada tentar levar a minha mente para dançar. E depois de seguidas tentativas obstinadas, desistiu. Ela já tinha ido.

Passei por construções que você ergueu meu caro, ou que pelo menos ajudou de alguma forma a erguer. Prova concreta que que com o passar do anos as coisas podem ficar em pé, é só fazer bem feito durante todos os outros anos anteriores. Díficil.

Vivi sendo e não sendo. Fui e Não fui. Sou boa parte de seus erros, e dos acertos também, ora pois!. Senti o peso do dedo em riste que apontaram para mim. Fiz alguns sorrirem. Mas não nego, chorei em alguns momentos com a mais sincera e escorrida lágrima, inda que o riso ainda comandasse o rumo das coisas. Bobagem lírica.

Bebi suas bebidas, comi suas comidas (e como!) fumei seus cigarros, beijei o chão, e tive a redenção nos olhos de tuas mulheres. Doce redenção, talvez tenhas criado apenas para deleite dos mortais homens, assim como eu. Eu entendo poderoso Éon. Algumas de beleza admirável, uma rara beleza, assim como a gaivota que voa ali no céu, ali oras, do lado de fora da minha janela, um pouco mais pra cima, o céu. Lembra? E da Gaivota? E do bater de asas? Pois é meu caro, admirável são tuas pernas, eu disse a ela, e ela acusou um sorriso de canto, talvez ela tenha gostado, talvez não. Quem se importa? Talvez eu. Maldita hora pra me lembrar dos pensamentos. Eu os tive (e como!). Do lado aonde bate sombra é mais frio, e é por lá que alguns caras andam. Outros gostam sempre de estar na luz. Nas poderosas baterias de iluminação. Efêmero. Passageiro. Não há luz que não precise do escuro. E nem escuro que sobreviva muito tempo sem a luz. Mistérios da tua criação meu caro. Verdade, tentar descobrir o porquê é um saco, mais fácil constatar, e ir tocando em frente. Assim como a boiada. No campo. Lembra? O café? O pão-de-queijo? A vovó? O cheiro de mato (calma D2) recém-cortado, com hífen pois o hífen é a cerca da palavra, e te lembra da cerca? que cercava o mato? Era o limite da nossa imaginação.

Pois é meu caro, eu andei por aí, e espero continuar andando. Sempre que puder te mando algumas notícias. Mas nem tudo está perdido.
Um abracadabrasso, do William.


Até a Próxima.
(02/08/2008)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Um Peito Maior!

Estive pensando: hoje em dia, um peito maior resolve PRATICAMENTE todos os problemas. Delas e deles!
Mas não entrem em pânicos, meninas!
Caso o silicone não esteja ao alcance dos seus bolsos, uma escova progressiva resolverá, também, MUITO de seus problemas!

Viva o mundo de hoje!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Biblioteca Chinesa II

Hoje a chuva deu as caras pelos lados princesinos. Fazia tempo que não chovia, e a poeira já era tanta. Por essas, pela poeira ter ido, venho para falar de um livro emblemático, que terminei de ler faz pouco tempo. Pergunte ao Pó (José Olympio Editora), de John Fante, narra a história do italiano Arturo Bandini em Los Angeles, nos anos 30. Acontece que Arturo se apaixona por Camilla Lopez, a garçonete do Columbia Buffet, que além de garçonete é mexicana (sinônimo de preconceito), e entre insultos e declarações, ele quer tê-la. Nesse interim, Bandini tenta de todas as formas se tornar 'um grande escritor', frase pela qual ele gostava (ou gostaria) de se apresentar.




Pergunte ao Pó é emblemático pelo fato de Charles Bukowski (Misto Quente, Factotum, Crônica de Um Amor Louco, entre outros) ter visto nele um espelho de sua realidade. Foi esse o primeiro livro que chamou a atenção do velho Buk. Além disso, Pergunte ao Pó foi o primeiro livro que Marcelo Mirisola leu. É um livro que não passa em branco.

Trecho:
"Ela se cobriu e seus olhos estavam nadando de alegria ao me ver sair. Fui até o final do corredor, até o patamar da escada de incêndio, e ali me soltei, chorando e incapaz de me conter, porque Deus era um canalha tão sujo, um pulha desprezível, é o que Ele era por fazer aquilo com aquela mulher. Desça dos céus, seu Deus, venha até aqui que vou socar seu rosto por toda a cidade de Los Angeles, seu moleque miserável e imperdoável."

Além de escritor, Fante também escreveu alguns roteiros para cinema.

Obras do autor:

Espere a Primavera, Bandini (1938)
Pergunte ao Pó (1939)
Dago Red (
1940)
Full of Life (
1952)
Bravo, Burro! (
1970)
The Brotherhood of Grape (
1977)
Sonhos de Bunker Hill (1982)
1933 foi um ano ruim (1985)
Rumo a Los Angeles (1985)
O Vinho da Juventude (1985)
A Oeste de Roma (1986)
Prologue to Ask the Dust (
1990)
The Big Hunger (
2000)
The Bandini Quartet (
2004)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Frases que gostaríamos de ouvir por aí (parte 3)

Dita por Cantero, direto aos ouvidos deste que vos escreve.

"O que sobra, não falta."

Dentro dessa categoria também se encontram as célebres e famosas frases do inesquecível Tomás, tais como:

"O Fornecedor fornece o Produto"
e pra não deixar barato
"E o distribuidor, distribui"

William Biagioli, 20 anos de idade. E com ouvidos atentos.

Frases que gostaríamos de ouvir por ai...(2)

É como já disse o cavallero da madrugada

"Porra! Se fosse eu que estivesse na Grécia, pedia logo pro taxista me levar pra Augusta de Atenas."

Ah, Mirem-se no exemplo dessas mulheres de Atenas...

William Biagioli
Aos 20. Sem pôr, nem tirar. Indo.

Abracadabrassos do William.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Frases que gostaríamos de ouvir por ai...

"O problema entre decidir em ser de esquerda, ou ser de direita, é ter que abrir mão de andar para frente"
(William Biagioli)


W.B Dia 16 de Júio.
Um abrassão do William.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Peço desculpas!

Por volta de 2008 anos atrás, o mundo teve o prazer de receber em suas terras, um ser humano chamado/ conhecido pelo nome de Jesus de Nazeré.
Dizem que ele era filho do Homem... que fez milagres! Ele dividiu o mundo em duas eras. Antes Dele, e depois Dele.
Os manuscritos que nos levaram ao conhecimento desse Homem Divino, foram modificados antes mesmo de alguém de nós pensar em nascer, mas são nesses manuscritos reescritos que sabemos que ele MORREU POR NÓS.
Piedoso, puro, 100% BOM!!!!!!!!! UAU!

Mas nao estou aqui fazendo declaração, questionando, convertendo ninguém a nada ou escrevendo algo religoso. Estou aqui porque gostaria de, em nome da humanidade, que viveu nesses 2008 anos no Planeta, pedir DESCULPAS a Cristo!

POR QUE?

Simples: SE Jesus existiu e foi como nos contam que foi, se morreu por nós, se era um homem bom, um revolcucionário de 2008 anos atrás, se decidiu que entregaria sua vida para que todos os homens pudessem evoluir, ELE, com certeza, está muito triste com o ser humano.
DECEPCIONADO, puto, magoado, irritado....
Olha o que aconteceu com o mundo, olha o que virou o ser humano!
Quer exemplos?

- Oceanos contaminados
- Agua doce em falta
- Ar poluido
- Animais morrendo por X motivos
- homens matando uns aos outros
- Pais matando filhos
- Gente que a gente nem conhece roubando nossos lares, nossos filhos, nossa felicidade
- Poder corrupto
- Capitalismo avassalador, que destrói Pátrias, famílias, Leis, valores e noção de JUSTIÇA.
- etc etc etc
- bla bla bla
................
=x

1 Minuto de silêncio
................


Você realmente acha que valeria a pena MORRER CRUCIFICADO por tudo isso que nos tornamos hoje? Por tudo que vivemos?
Se existe alguém que morreria por ISSO TUDO, que fale AGORA........... ou cale-se para sempre!

Agora o x da questão, o OUTRO porém, o que realmente me fez pensar e escrever para quem quiser ler (se é que tem alguém que queira) é:
O que foi descrito acima está levando em conta a divindade criada em cima desse humilde, e mortal, ser humano, como qualquer um de nós. Certo? Certo!

Pois bem... agora imagine você, se, esse homem, carpinteiro, de pés descalços, NÃO foi um santo, um enviado... e se ele fosse apenas um mortal?
Então, aclamaria por desculpas em nome de toda a humanidade que, durante esses 2008 anos, habitaram o Planeta.
POR QUE?

Simples: como se nao bastasse terem criado o mais famoso MITO de todos os tempos, de todas as Eras, alguém já parou para pensar o que se passa com a ALMA de Jesus?
Ele deve ser um atormentado. Ele não descansou nenhum dia sequer, durante esses 2008 anos, nao teve paz, sossego, tranquilidade, eternidade.....e nem nada do que dizem que as almas encontram, quando saem de cena desse mundo.
Visualiza. Por todos esses anos, a cada milésimo de segundo (que é menos do que o tempo de um piscar de olhos) milhares de milhões de centenas de pessoas CHAMAM por ele, SUPLICAM-LHE algo, QUESTIONAM os acontecimentos de suas próprias vidas, PEDEM soluções, choram mágoas, conversam sobre coisas banais, sobre seus desejos e vontades, sobre o que lhe faz mal, imploram misericórdia.....
Ele nunca descansou...Por NENHUM dia, por nenhum segundo ou milésimo de segundo... Coitado de Jesus...

Venho por meio deste post, em nome de todas as pessoas que habitaram o Planeta, dizer para Jesus:
DESCULPA!
Desculpa pelo que nos tornamos, desculpa pelo que fizemos com o mundo.
Desculpa pelas pessoas que acham que tudo depende de você.
Jesus, eu lhe peço, com todo amor, do fundo do meu coração: DESCANSE. Durma, durma pela eternidade. Assim você nao terá olhos para ver o que acontecerá, não se sentirá uma alma inútil que é incapaz de resolver os problemas do mundo e de todas as pessoas que lhe chamam, não precisará ouvir o que você foi ou deixou de ser, não verá guerras em seu nome que servem de apoio para conquista de dinheiro, de interesses próprios de uns e outros, que dividem as pessoas por credo, por terras, onde morrem inocentes... Ai Jesus....

DESCULPE essas pessoas...eles não sabem o que fazem!



Por Tassiana Ghorayeb Resende. Sem credo, sem nada...apenas ajudando uma alma que por cá passou.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Dialética Voadora

Um grupo de passarinhos voando com o intuito de fugir do inverno que começa no lugar onde eles estavam inicialmente. São em seu total 10. Inicialmente consiste em apenas demonstrar esta simples cena. Pássaros voando. Depois de um certo tempo, ao ir dando um detalhe nas expressões de cada passarinho, é visto que um deles, por sinal o último, está com uma feição de completo desânimo, enquanto todos os outros apresentam um olhar concentrado, e determinados a fugir do lugar onde estavam.

E então que é dada maior atenção a este passarinho. Eis que subitamente ele para, em algum lugar que este escritor que escreve, e a voz que você ouve na sua cabeça quando lê qualquer tipo de texto, ainda não decidiu. E todos os outros sentindo a falta do companheiro se voltam para ele e perguntam em Uníssono.

-Por quê parou?
-Vocês já pararam pra pensar para onde estamos voando?
-Oras, para o mesmo lugar onde voamos nesta mesma época no ano passado- Todos responderam em uníssono.
-Mas já se pararam para perguntar por quê?
-Paramos para perguntar por quê você parou, oras – Todos novamente.
-Não! Não é isso! Digo, se vocês não pensaram nas razões pelas quais fazemos isso ano após ano, e por quê depois de tantos anos, ainda fazemos as mesmas coisas, das mesmas maneiras e vamos para o mesmo lugar! É nisso que eu perguntei se vocês já pararam pra pensar – Discursou enfaticamente o pássaro.
- Pensar em o quê? - Todos em uníssono.
-Pensar nisso tudo oras! - Respondeu o já efusivo pássaro.
-Nisso tudo o que? – Todos com cara de dúvida inocente, beirando uma cara de dúvida imbecil.
- Meu Deus! Se vocês já pensaram por que nós fazemos todo ano a mesma coisa, toda a vez que chega o inverno, ao invés de nós tentarmos nos fixar em algum lugar, migramos, e quando migramos vamos sempre para o mesmo maldito lugar. Sabem? O por quê de tudo isso? Nunca pensaram? Nunca sentiram essa angústia no peito de saber qual é o sentido de fazermos ano após ano a mesma maldita rota, vendo as mesmas coisas sempre? Nunca pararam pra pensar nisso tudo e muito mais???
-Depois de olharam com uma súbita cara de completa dúvida, todos os outros pássaros disseram com uma inocência que só apenas uma criança, ou um marido que toma um “esporro” de sua mulher poderia dizer: - Não...
-Como assim não!!!???? Como não??? No que vocês pensam quando estão voando?
- Um deles simpaticamente disse – Repita a pergunta por favor, eu me distrai com alguma coisa que eu não me lembro mais o que era.
-Perguntei no que vocês pensam quando estão voando? Quais são as coisas que passam pelas suas cabeças?-Cada um deles começou a atropelar as vozes uns dos outros com as mais diversas opiniões. A única coisa que suas opiniões tinham em comum, era justamente o fato de não terem nada em comum umas com as outras. Uns diziam – Peixes! Outros diziam – “Pássaras”. Um outro disse “Todas as formas de seduzir um golfinho!!!" Um outro até ousou dizer: “Pensar, o que seria isso? Meu Deus Pássaro uma nuvem!!!”. De qualquer forma, talvez nem seja preciso dizer que isso além de espantar o simpático pássaro, o deixou profundamente irritado. Coisa que geralmente, tanto para pássaros, quanto para humanos, é um saco.
E então o pássaro rebelde prosseguiu:
-Bom, então vocês estão me dizendo que raramente pensam em alguma coisa realmente importante?
-Peixes são importantes! – Bradou um dos pássaros que eram atacados pelas palavras do alterado pássaro rebelde.
-Não é isso que eu quis dizer, claro que são importantes.
-E gostosos – Interrompeu o mesmo pássaro.
-E gostosos, sim claro, mas o que eu queria dizer era se vocês realmente nunca se preocuparam com outra coisa que seja, como eu disse, sobre a nossa vida, algo maior que nós, sobre o sentido de tudo. Ou para onde estamos indo, ou o por quê disso tudo.
-Eu pensei uma vez – Corajosamente bradou um dos mais acanhados pássaros desse entrevero voador.
-Jura? E no que você pensou – Disse o agora um pouco mais animado, pássaro rebelde.
- Nisso tudo que você acabou de falar.
-Nisso tudo o quê especificamente??? Cada vez mais animadamente!!!
- Em tudo o que você disse oras, que peixes são gostosos e importantes!!!
-Mas eu não disse nada disso droga! Quem disse isso foi ele ali!!! Bradou ensandecido o Che Pássaro.
-Ah sim...Bom, então foi com o que ele disse que eu já tinha pensado, e alguns são realmente gostosos mesmo. Sobre o que você falava mesmo?
-Eu falava basicamente sobre, sobre, sobre...Sobre Tudo Caramba! Eu falava basicamente na vontade de um algo maior, entende? Eu falava nos motivos de tudo o que nós fazemos, sabem? Por quê justamente hoje eu pensei, qual é o grande motivo de tudo o que nós constantemente e repetidamente fazemos, vocês conseguem me dar uma resposta? Conseguem? Conseguem achar o motivo para todos os anos fazermos sempre as mesmas coisas? Indo aos mesmos lugares, fazendo sempre as mesmas coisas? Conseguem?
- Eu diria que...E parou, um dos pássaros.
- Continue...Continue! Animou-se o Che Pássaro.
- Eu diria que a razão de tudo isso é...
- Vamos continue, continue! Encorajou o “Rebel Bird”
- Talvez não...
- Termine meu caro! Mostre o que você pensa! Energeticamente falou o pássaro.
- Talvez seja por que...- Todos olhavam para este insignificante ser, próximo ao que anos depois seria conhecido como a grande revelação dos pássaros, e até hoje é comemorado em muitos lugares com uma grande festa, que passa praticamente desapercebida pela maioria da população dos pássaros – Talvez seja por quê somos...Talvez seja por quê somos pássaros!!!

Depois disso, o que ocorreu foi uma súbita sensação de dever cumprido por parte de todos os pássaros envolvidos, menos curiosamente o que iniciou todas esta discussão.Depois disso tudo, eles alegremente retomaram seu rumo e só pararam quando chegaram no seu destino final.

Com relação ao que fez a grande revelação, que anos mais tarde foi considerada um marco nas relações entre os pássaros, e um evento histórico, como já mesmo havíamos dito, eu que escrevo e a voz na sua cabeça que você ouve quando lê estas linhas, como eu também já havia posto, (Eu e a voz) Virou um grande líder dos pássaros e continuou exercendo sua repetitiva função por mais alguns anos, até que se aposentou e continuava a discursar nostalgicamente sobre os anos em que foi o líder dos pássaros. Quanto aos outros, a maioria dos ouvintes da histórica conversa, alguns continuaram seguindo o grande líder por anos e anos e muitos tomaram o mesmo rumo que o líder, claro que com alguns benefícios a menos, e muitas feridas a mais, porém dois deles foram capturados por caçadores de pássaros, pois eram justamente dois exemplares muito belos, que devido a sua beleza acabaram por ser empalhado e hoje decoram belamente uma casa de campo de um dos seus compradores finais.

Por fim, o “Che” Pássaro, o pássaro Rebelde, ou seja, como queira chamá-lo teve um final de vida brilhante. Decidiu que jamais iniciaria qualquer tipo de discussão sobre um assunto espinhoso, promessa essa que ele quebrou anos mais tarde, quando calorosamente discutiu sobre o grande Deus pássaro, discussão esta que lhe garantiu mais alguns anos de desilusão pela frente, depois disso ele acabou por virar um pássaro que era considerado pelos demais como um maluco, foi nessa época que ele conheceu todos os cantos do Mundo, e encontrou mais alguns pássaros que partilhavam desta mesma aspiração dele, de questionar algumas coisas, porém eles não conseguiam chegar a um consenso, o que o deixou um pouco frustrado também, porém foi mais ou menos nessa época que ele conheceu sua bela pássara, que acabou por virar sua parceira para todas as jornadas, não que ela concordasse com tudo aquilo que ele dizia, mas os dois formavam uma bela dupla. Foi então que os dois pousaram na sacada da minha casa, e me contaram toda esta maravilhosa história. E não eles não eram verdes, tão pouco prolixos.

William Biagioli
São Paulo (03/07/08)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Do começo ao fim

-Tem um cigarro?
Essa foi a sua primeira pergunta. Não sua. Dele. Como dizem os americanos, It's a Yes or No question. Dessa simples questão, viria uma resposta não menos simples.
-Sim - Disse Ela.
Tomando quase que de assalto seu maço de cigarros Ele olhou nos olhos dela que sorriu timidamente com a cabeça apoiada pela mão esquerda. Pois a direita se preocupava em segurar decentemente o cigarro. Decentemente significa aquela pose elegante, que algumas mulheres conseguem fazer ao manusear um cigarro. Não sejamos besta de entrarmos no mérito do vício. Concordemos que é elegante e ponto.
E então quase que automaticamente, a corajosa pergunta do bravo "cavallero" iniciou uma conversa. Ela tinha 32. Era mais velha. Mas nem de longe aparentava a idade. A voz não era maltratada pelo cigarro, talvez o que indicasse que naturalmente não se tratava de um vício de anos, mas sim um aparato que compunha sua beleza. Seus cabelos não eram longos, na verdade eram curtos, não tanto quanto os do João.
Natural também era o jeito que a conversa rolava, percebia-se no ar, misturado a fumaça do cigarro, um maldito incenso e a transpiração da cerveja um clima propício para alguns copos de chopp e uma conversa despretensiosa.
Assim como ela, havia a outra. Sentava de frente a ela. Morena, cabelos longos, olhos pretos pequeninhos, não orientalmente falando, uma "olhera" que denunciava algumas noites de sono mal dormidas, talvez se preocupando demais em manter-se acordada durante o sexo, do que propriamente dito, se entregando ao prazer.
Enquanto isso, o senhor Otis Reading fazia os corações solitários e pénabundeados (valeu Reinaldo Moraes) cantar: "...Wearing that same old shaggy dress...", mas isso é papo pra rolar numa mesa do outro lado, onde dois caras discutiam na surdina, e eventualmente olhavam para essas duas mulheres. Não eram fascinantemente belas, mas o suficiente para deixá-los interessados.
Se eram caras interessantes ou não eu não posso afirmar com certeza cabalística. Mas até que não pareciam ser uns meia-guampas qualquer'es. Pareciam ser dois caras bem "apessoados", como vovó já dizia. Um deles se levantou e disse:
-Tem um cigarro?....

domingo, 6 de julho de 2008

Sobre a Mesa

Eu acabei de tentar recolocar um lápis rebelde em sua posição original (sobre a mesa). Posição original (sobre a mesa) da qual ele conseguiu vitoriosamente sair, tendo ido parar de cara no chão. Porém ele sistematicamente se recusou a aceitar minha ajuda oferecida, tendo ficado lá, deitado no chão. Depois de 4 (fracassadas) tentativas de perssuadir o lápis a voltar a sua posição original (sobre a mesa) compreendi que ele queria mesmo era ficar com a cara afundada no chão. Eu o respeitei por isso. No final disso tudo, tirei 3 conclusões: Fui incapaz de persuadi-lo a voltar para sua posição original (sobre a mesa). Desisti facilmente. E é um maldito lápis com convicções muito bem definidas.


William Biagioli.
Indolor
Incolor e
Inodoro.

6 de Julho de 2008.

Blibioteca Chinesa

Terminei ontem de ler o livro FÁTIMA FEZ OS PÉS PARA MOSTRAR NA CHOPERIA (editora Estação Liberdade). É o primeiro livro do paulistano Marcelo Mirisola, e reúne uma série de contos escritos durante os 'vinte e poucos anos' do autor. A escrita de Mirisola é conhecida por não ser 'boazinha' com o leitor. Pelo contrário. Com metáforas ácidas o autor critica a sociedade, em especial a classe média e seus absurdos, e não poupa ironias.




A obra mais famosa de Mirisola é o romance O AZUL DO FILHO MORTO (editora 34). Nele ele conta a sua história, com seu estilo característico. É uma escrita visceral, que não pede para ser lida mas que encanta quem a entende. As frases são cortadas abruptamente. Outras frases aparecem de forma inesperada. Isso torna Mirisola um dos autores brasileiros mais interessantes da atualidade. Tanto pelo estilo de sua prosa quanto pelo seu conteúdo. E por suas frases de efeito.


Sua última obra, porém, difere de todas as outras. Em JOANA A CONTRAGOSTO (editora Record) Mirisola se vê sozinho, sem o amor de Joana, e essa é a causa da existênca do livro. Ele chora. Pode-se dizer que o livro é isso: o choro de um cara que amou Joana. Pode não ser um grande enredo (e geralmente não há grandes enredos em seus livros), mas JOANA encanta pela sinceridade. Percebe-se claramente que o autor tenta se livrar da história, e por isso a escreve.



Obras do autor:

1998 Fátima fez os pés para mostrar na choperia
2000 O herói devolvido
2000 O azul do filho morto
2003 Bangalô
2003 O banquete (com o cartunista Caco Galhardo)
2005 Joana a contragosto
2005 Notas da arrebentação
2007 O homem da quitinete de marfim
2008 Proibidão



Na internet:



sábado, 5 de julho de 2008

quadro novo amanhã

Amanhã eu vou lançar um 'quadro' novo aqui no blog. Não sei qual vai ser o nome ainda. Mas eu vou comentar sempre sobre algum livro que eu li ou estou lendo. Acho que já tá mais do que na hora de eu fazer isso. Principalmente agora que eu passei da marca de cem livros na minha 'biblioteca' particular. Acho que serão boas dicas para quem está querendo ler algo novo. Best Seller não entra na lista, isso eu deixo para quem não lê comprar. Tem muita coisa variada, desde Asimov até Luis F. Veríssimo. Orwell a Nelson Rodrigues. Tem também uma porção de beats que só vem aumentando. Espero que fique bom. Mas só começa amanhã. Porque hoje os copos ainda estão vazios e precisam ser preenchidos para poderem ser esvaziados e voltar, assim, a sua forma bruta. É a lei natural das coisas. Dessa vez, a pé.

Abraços! E beijos para as mulheres, em especial a Tassi, porque eu acho que ela é a única mulher que lê esse blog.

Postado por William graças a Reinaldo Moraes - ou não

Acontece que eu tava navegando pelos arquivos deste singelo blog e eis que vi um rascunho deixado pelo Sr. William Biagiolli, abandonado, jogado às moscas, e sabe-se lá por quê. Então começei a ler e achei algo familiar no que estava lendo. Por isso resolvi postar, sem autorização do amigo William, o post que ele deveria ter postado. No final eu explico o porquê.


***


Estava eu navegando na internet quando encontrei esse texto simpático e creditado ao não menos simpático Reinaldo Moraes. Pra quem não sabe o Reinaldo Moraes é um escritor, e por sinaç, no momento eu estou lendo o livro Tanto Faz dele. Simplesmente genial. Esse texto é bem engraçado, só que como na Internet as coisas são no mínimo duvidáveis, esse texto aqui pode também não ser do Reinaldo Moraes, mas pela qualidade e sinceridade eu acredito que seja. Agora com vocês Toma Logo! pelo Genial melhor escritor do Brasil Reinaldo Moraes.



"...- Vai, Horácio! Toma logo!

- Eu não tomo nada sem antes ler a bula. Cadê meus óculos?

- Pendurados no seu pescoço.

- Isso é ridículo, Maria Helena. Ridículo!

- Então todos os homens da sua idade são ridículos, porque todos estão tomando. E não me puxa esse lençol, fazendo o favor. Olha aí o bololô que você me faz nas cobertas.

- A humanidade conseguiu crescer e se multiplicar durante milênios sem isso. Nós dois crescemos e nos multiplicamos sem isso. Taí o Pedro Paulo, taí o Zé Augusto que não me deixam mentir. Fora aquele aborto que você fez.

- Horácio, eu não vou discutir isso com você agora. Toma logo esse negócio!

- Isso aqui faz mal pro coração, sabia? Um monte de gente já morreu tentando dar uma trepadinha farmacêutica.

- Foi por uma boa causa. E não faz mal coisa nenhuma. Só pra quem é cardíaco e toma remédio. Você não é cardíaco, nem coração você tem mais.

- Não começa, Maria Helena, não começa!

- Pode ficar sossegado que você não vai morrer do coração por causa dessa pilulinha. Eu vi num programa da GNT um velhinho de 92 anos que toma isso todo dia.- Sério?

- Preciso de sexo, Horácio!

- Mas hoje é segunda, Maria Helena...

- Quero trepar. Foder. Ser comida por um macho de pau duro!

- Francamente, Maria Helena, que boca! Parece que saiu da zona

.- Quero ser penetrada, quero gozar!

- O sexo é uma ditadura, Maria Helena. A gente tá na idade de se livrar dela.

- Saudades da dita dura! Olha só, você me fez fazer um trocadilho de merda.

- Além do mais, Maria Helena, nós já tivemos um número mais do que suficiente de relações sexuais na vida, por qualquer padrão de referência, nacional ou estrangeiro. A quantidade de esperma que eu já gastei nesses anos todos com você, dava pra encher a piscina aqui do prédio.

- Com o esperma que você ordenhou manualmente, talvez. O que o senhor gastou comigo não daria nem pra encher um balde daqui de casa. Um penico, talvez. Até a metade.

- Maria Helena...

- E faz quase um ano que não pinga uma gota lá dentro!

- Sossega o facho, mulher. Vai fazer ioga, tai chi chuan. Já ouviu falar em feng shui, bonsai, shiatsu? Arranja um cachorro. Quer um cachorro? Um salsichinha?

- Quero um salsichão, Horácio! Olha aí: outra piadinha infame.

- É porque você está com idéia fixa nessa porcaria.

- Que porcaria?

- O sexo, Maria Helena, o sexo.

- Sabe o que mais que deu naquele programa sobre sexo, Horácio?

- Não estou interessado.

- Deu que as mulheres com vida sexual ativa têm muito menos chance de ter câncer. É científico.

- Come brócolis que é a mesma coisa, Maria Helena. Protege contra tudo que é câncer. Também é científico, sabia? E com azeite, com alho, fica uma delícia!

- A que ponto chegamos, Horácio! Eu falando de sexo e você me vem com brócolis com azeite!

- E com alho.- Faça-me o favor, Horácio!

- Maria Helena, escuta aqui, você já tem 50 anos, minha filha, dois filhos adultos, já tirou um ovário, já...

- Não fiz 50 ainda! Não vem não! E o que é que filho e ovário têm a ver com sexo?

- Maria Helena, me escuta! Depois de uma certa idade, as mulheres não precisam mais de sexo.

- Ah, não? Quem decidiu isso?

- Sexo nessa idade é pras imaturas, pras deslumbradas, pras iludidas que não sabem envelhecer com dignidade.

- Prefiro envelhecer com orgasmos.

- O que é que Freud não diria de você, Maria Helena?

- E de você, então, Horácio? No mínimo que você virou gay depois de velho, seu Boiola!

- Maria Helena! Faça-me o favor! Eu tenho que ouvir isso na minha própria casa, na minha própria cama, diante da minha própria televisão?

- Aliás, gay gosta de trepar! É o que eles mais gostam de fazer. Você virou outra coisa, sei lá o quê! Um pingüim de geladeira, talvez.

- Maria Helena, dá um tempo, tá? Tenho mais o que fazer.

- Fazer? Essa é boa. O que é que um funcionário público aposentado com salário integral tem pra fazer na vida, posso saber?

- Sem comentários, Maria Helena, sem comentários!

- Tá bom, sem comentários! Bota os óculos e lê duma vez essa bendita bula.

- Só que precisa de dois óculos pra ler isso. Olha só o tamaninho da letra. Se é um negócio pra velho, deviam botar uma letra bem grande. Pelo menos isso!

- Vira o foco do abajur para cá! Assim... melhorou?

- Abaixa essa televisão também! Não consigo me concentrar ouvindo novela. Mais... mais um pouco!

- Pronto, patrãozinho. Sem som. Vai, lê duma vez!

- O princípio ativo do medicamento é o citrato de sildenafil.- Sei...- Veículos excipientes: celulose microcristalina...

- Celulose vem da madeira. Pau, portanto. Bom sinal.

- Onde foi parar a sua pouca educação, Maria Helena?

- Vai lendo, Horácio! Depois conversamos sobre minha pouca educação.

- Cros... camelose sádica. Croscamelose. Castrepa, Maria Helena! Recuso-me a tomar um troço com esse nome. Deve ser alguma secreção de camelo. Se não for coisa pior.

- Não é camelose! Num tá vendo aí? É caRmelose. Deve ser algum adoçante artificial pro seu pau ficar doce, meu bem...

- Putz! Só rindo mesmo. A menopausa acabou com sua lucidez, Maria Helena!

- Troco toda lucidez do mundo por um pau tinindo de tesão por mim!

- Absurdo, absurdo!

- Que mais, que mais, Horácio?

- Dióxido de titânio.

- Ah, titânio! Pro negócio ficar bem duro!

- ...índigo carmim...- Índigo? Deve ser o que dá a cor azul da pilulinha.

- Será que esse negócio não vai deixar o meu pau azul, Maria Helena?

- E daí, se deixar? Você não sai por aí exibindo seu pênis, que eu saiba. Ou sai?

- Mas, e se eu for a um mictório público? O que é que o cara ao lado vai pensar do meu pinto azul?

- Diz que você é um alienígena, ora bolas! Que seu corpo está pouco a pouco se adaptando à terra, que ainda faltam alguns detalhes, ou explica que você é nobre, de sangue e pinto azul, ou não diz nada, ora bolas! Acaba de mijar, guarda o pinto azul e vai embora, pô!

- Escuta! Agora vem a parte que explica como esse petardo funciona.- Isso. Quero ver esse petardo funcionando direitinho.

- Presta atenção: "O óxido nítrico, responsável pela ereção do pênis, ativa a enzima guanilato ciclase que, por sua vez, induz um aumento dos níveis de monofosfato de guanosina cíclico, produzindo relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos do pênis, permitindo, assim, o influxo de sangue". Cacete! Corpos cavernosos? Já pensou, Maria Helena? Corpos cavernosos sendo inundados de sangue? Puro Zé do Caixão.

- Corpo cavernoso só pode ser herança do homem das cavernas. Vocês homens evoluem muito lentamente.

- Pára de viajar, Maria Helena! Parece que fumou maconha.

- Não é má idéia pra relaxar! Vou roubar do Pedro Paulo. Eu sei onde ele esconde. Podíamos fumar juntos.

- Eu já tô relaxado. Tô até com sono, pra falar a verdade...

- Lê, lê, lê, lê aí! Você já dormiu tudo que tinha direito nessa vida!

- Vou ler. "Todavia, o sildenafil não exerce efeito relaxante diretamente sobre os corpos cavernosos..."

- Não?

- Não, Maria Helena. Ele apenas "aumenta o efeito relaxante do óxido nítrico através da inibição da fosfodiesterase-5, a qual" - veja bem, Maria Helena, veja bem - "a qual é a responsável, pela degradação do monofosfato de guanosina cíclico no corpo cavernoso?". Ouviu isso? Degradação, Maria Helena! Dentro dos meus próprios corpos cavernosos... Degradante...

- Degradante é seu pau mole!

- Olha o nível, Maria Helena, olha o nível! Vamos ver os efeitos colaterais. Olha lá: "dor de cabeça". Você sabe muito bem que se tem uma coisa que eu não suporto na vida é dor de cabeça.

- Na cultura judaico-cristã é assim mesmo, Horácio! Pra cabeça de baixo gozar, a de cima tem que padecer!

- Não me venha com essa sua erudição de internet, Maria Helena! Estamos off-line!- Deixa de ser criança, Horácio! Se der dor de cabeça, você toma um Tylenol, reza uma Ave-Maria, canta o "Hava Naguila" que passa!

- Outro efeito colateral: "rubor". Rá, rá. Vou ficar com cara de quê, Maria Helena? De camarão no espeto?

- Se for camarão com espeto, tá ótimo! Que mais, que mais?

- "Enjôos". Ó céus. Enjôos...- Você sempre foi um tipo enjoado, Horácio! Ninguém vai notar a diferença.

- Vamos ver o que mais... hum... "dispepsia". Que lindo! Vou trepar arrotando na sua cara!

- Você me come por trás. Arrota na minha nuca...

- É brincadeira! É essa a sua idéia de amor, Maria Helena?

- Isso não tem nada a ver com amor, Horácio! Já disse! É profilaxia contra o câncer. E arrotar, você já arrota mesmo o dia inteiro, sem a menor cerimônia. Na mesa, na sala, em qualquer lugar.

- Como se você não arrotasse, Maria Helena!

- Mas não fico trombeteando os meus arrotos. Isso é coisa de machão broxa. Em vez de trepar com a esposa, fica arrotando alto pra se sentir o cara do pedaço.

- Como você é simplória, Maria Helena! Como você é... menor. Desculpe-me, mas acho que seu cérebro anda encolhendo, sabia? Ou mofando. Ou as duas coisas.-

Vai, Horácio, chega de conversa mole! E de pau idem. Pula os efeitos colaterais.

- Como, "pula os efeitos colaterais"? É porque não é você quem vai tomar essa meleca, né? Vou ler até o fim. Os efeitos colaterais são a parte mais importante. Olha lá: "gases". Que é que tá rindo aí?

- Do efeito cu-lateral. Desculpe-me. Esse foi de propósito. Não agüentei.

- Admiro seu humor refinado, Maria Helena! Torna você uma mulher tão mais sedutora, sabia?

- Obrigada, Horácio! Agora, quanto aos seus gases, pode relaxar o esfíncter, meu filho, numa boa. Tô tão acostumada que até sinto falta quando estou sozinha. Sério! Fico pensando:

- Ah, se o Horácio estivesse aqui, agora, pra soltar uma bufa de feijoada com cerveja na minha cara...

- Maria Helena, qualquer dia você vai ganhar o Oscar da vulgaridade universal.

- Vou dedicá-lo a você.

- Vamos ver que mais temos aqui em matéria de efeitos colaterais. Ah! "congestão nasal". Que gracinha! Vou ficar fanho, que nem o Donald. Qüém, qüém, qüém!

- Um pateta com voz de pato. Perfeito! Ridículo! Absurdo! Idiota!- Ridículo você já é, Horácio! E quem não é? Além do mais, é só calar a boca que você não fica fanho.

- Ah, tá! E se eu quiser falar alguma coisa na hora?

- Você não diz nada de interessante há mais de dez anos, Horácio! Vai dizer justo na hora de trepar?

- Eu não nasci para dizer coisas interessantes a você, Maria Helena!

- Hum. Ouve só; "diarréia"

- Quê? É outro efeito colateral dessa bomba aqui. Fala sério, Maria Helena! Isto aqui é um veneno! Não sei como vendem sem receita.

- Deixa de ser pueril, Horácio! Imagina se alguém vai ter todos os efeitos colaterais ao mesmo tempo! No máximo um ou dois.

- A caganeira e os arrotos, por exemplo? Ou a ânsia de vômito e os gases?

- Faz um cocozinho antes, pra esvaziar! Agora, Horácio! Eu espero.

- Eu não estou com vontade de fazer cocozinho nenhum, Maria Helena! Faça-me o favor! E olha aqui, mais um efeito colateral: "visão turva".

- Você bota seus óculos de leitura. E que tanto você quer ver que já não viu?

- Maria Helena, você não entendeu? Essa droga perturba seriamente a visão. Vou ficar cego por sei lá quantas horas, quantos dias! E tudo por causa de uma reles trepadinha? E se a minha visão não voltar? Vou andar de bengala branca pro resto da vida?

- Pode deixar que eu guio sua bengala, Horácio! Olha, pensa no lado bom da cegueira: você vai poder me imaginar 20 anos mais moça, trinta, se quiser!

- Maria Helena, desisto! Não vou tomar essa porcaria e tá acabado!- Dá aqui essa cartela, Horácio! Abra a boca! Beba a água! Engula! Pronto! Isso! Que foi? Engasgou, amor?! Tosse pra lá, ô! Me molhou toda! Que nojo! Quer que bata nas suas costas? Ai, meu Deus, Horácio! Você está bem?- Respire fundo! Isso, isso... E aí, amor? Melhorou? Morrer afogado num copo d'água ia ser idiota demais, até prum cara como você.

- Arrr! E com essa pílula monstruosa entalada na garganta! Ufff! Me dá mais água!

- Quanto tempo isso aí demora pra fazer efeito?

- Isso aí o quê?- A pílula, Horácio, a pílula!

- E eu sei lá!?

- Vê na bula, Horácio!

- Hum... tá aqui: "30 minutos".

- Ótimo! Dá tempo de ver o fim da minha novela.



Reinaldo Moraes.



"Ponhado no saiti por William Biagioli"


***


Acontece que este texto é mesmo do Reinaldo Moraes. E ele é muito mais longo. Continua com o término da novela, e depois do termino da novela vem o filme, e depois o termino do filme e, bem, ele é bem mais longo, mas não menos engraçado. O nome do texto também não é 'Toma Logo!', e não poderia ser mesmo. Acho que foi isso que deixou o William desconfiado. Porque em se tratando de Reinaldo Moraes esse título (toma logo) seria muito simplório para sua genial criatividade. O nome real do texto é 'Sildenafil'. Estranho? Não se você ler o texto na versão completa. Mas onde encontrar a versão completa? Simples. Em qualquer boa livraria. Este conto foi publicado no livro UMIDADE, do mesmo autor. E reúne várias outras histórias muito divertidas. Vale a pena conferir, experiência própria!



Ricardo Schneider graças a William Biagiolli e Reinaldo Moraes. Ou vice-versa. Ou Tanto Faz.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Detetivando...



Vamos aos fatos:

1.- A minha garrafa tá fechada (o que é extremamente difícil de fotografar!);
2.- A garrafa do William está no fim (o que é extremamente compreensível);
3.- O relógio do William marca exatamente meia-noite (isso significa que ainda estávamos sóbrios - ainda - o que não quer dizer nada)
4.- Há apenas uma pessoa em pé (que provavelmente é o garçom);
5.- O garçom veste uma camiseta amarela e verde (ou seja, essa foto foi tirada durante a copa do mundo, e antes do brasil ter sido elimidado);
6.- A bandeira do brasil ao fundo comprova a minha teoria sobre a copa do mundo;
7.- O fato de ninguém estar vestido com a camisa do brasil mostra que não havia jogo naquele dia;
8.- Os homens sentados na mesa número 03 eram os mais bacanas daquele lugar;

E você? Consegue encontrar mais algum detalhe?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Aos meus Colegas

Boa tarde.
Venho por meio desta postagem parabenizar meus colegas de Blog, pela criatividade, pelo belissimo conteúdo e pelas palavras bem escritas!
É difícil ser criativo? É difícil ter boas idéias? É difícil expressar-se através de palavras?
Não sei....

Caros colegas, por muitas vezes, vim cheia de idéias, cheia de pensamentos revolucionários, cheio de truques e papo furado, e por muitas vezes não postei NENHUMA palavra, ou quando postei, foram apenas palavras... nada relevante.

Por que a inspiração vem quando não temos onde anotá-la?
Quando pensei em me demitir deste blog, foi pensando em vocês, colegas. O nível atingiu o extremo e as vezes, minha raiz do cabelo, não acompanha tal ritmo.

Agora, ao som de Ney Matogrosso, resolvi deixar alguns conjuntos de letras (as palavras) para vocês.
Pura ADMIRAÇÃO!!!! Nada além.

Outro dia quis postar uma conversa que eu gostaria de ter com o Presidente da República. Mas havia um belo post de Ricardo naquele dia - e quem gostaria de ler uma conversa que eu tive em meus pensamentos, quando se tinha um texto produtivo?? Hein hein?

Não me arrisquei, e agora perdi o fio condutor daquele pensamento (que eu lembro que começou quando a seleção brasileira de futebol jogou BONITO contra a Argentina). MAs tudo bem!
É a vida.

Gostaria de informar também, que o TERCEIRO E QUARTO (continuação dos Primeiro e Segundo) já têm forma em minha cabeçona, que tenho histórias reais, idéias e ideais, e sonhos para contar, mas antes, gostaria de saber se posso ficar mais tempo aqui, ocupando uma cadeira nesse SENSACIONAL e PRODUTIVO blog!

Colegas?
Não pedirei minha demissão, mas queria saber se serei demitida?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Das dores, oratório.

Atenção sinestésicos do palavreado. Desencadeadores do caos literárico. Pseudo-pensadores de um mundo melhor. Avant-Gardes da sabedoria alheia. Detetizadores do Conhecimento. Ou seja, quem quer que queira encaixar-se em alguns do simpáticos neo-adjetivos criados instantaneamente, sem nenhum aviso, ou pensamento prévio. Há quem diga que essa é a melhor maneira de se fazer as coisas. Eu teimo, que em alguns casos, não é.
Ainda há tempo, eu não sei o que é, muito menos o que nem é mais, ultimamente. Da mesma forma que o que ainda me irrita, é a tentativa de definir o que é, e o que não é. Digamos que é assim: Uma patrulha moral, um exército de pasteurização, uma multidão de desgostosos sujeitos tentando estatizar e "abaular" as arestas do pensamento livre. Querem pasteurizar meu pensamento! Querem pasteurizar o teu também caro amigo. Jura??? O Meu??? É meu caro, o teu! Pois foi como quem já disse aqui, "tenque". É isso aí, tenque, por que tenque. E assim como tenque ter quem faz tudo assim, pasteurizadão, tenque ter que não.
Pelo sim e pelo não, há algo de novo para acontecer. Ainda é sussurrado nos cantos escuros dos bares. Ainda é um grito afoito e preso na garganta de alguém que toca saxofone com a boca pelas ruas de uma gélida cidade. É o pensamento do tipo "bumba-meu-boi" de alguém que senta atrás de uma poderosa máquina e tenta redigir algo que no mínimo possa mudar o mundo. É o grito de angústia de quem tomado pela preguiça redundante de um domingo anseia com coisas melhores.
É no fundo no fundo, o gozo de um sujeito solitário que esporra tristeza.


William Biagioli, aos 20. Sem tirar o pé, nem a cabeça.

domingo, 22 de junho de 2008

Um cara triste ejacula a solidão na fila pra pagar

Agora eu sou um pilantra por acordar às quatro da tarde e com sono num domingo de inverno. Por eu achar o máximo acordar com a casa vazia. Por colocar um Elvis na vitrola e abrir uma cerveja importada que eu prevenidamente comprei com a grana que sobrou da garrafa de uísque. Por beber deliberadamente. Agora eu sou um pilantra por achar tudo isso o máximo.
Que eu sou um cara simpático. Gentil, as vezes. Mas eu não posso permanecer inalterado. Essa coisa de irrelevância, sabe? Claro que sabe. Você quer casar, quer casa própria, três filhos no máximo, um consórcio de carro zero. “Pro futuro, né? Pro Júnior entrar na faculdade. Vai ser doutor, doutor. Diz ‘oi’ pro tio, Junior.”
Acho que estou ficando morto aos poucos. Eu to me sentindo assim. Eu olho para os lados e não consigo me enquadrar em nenhum estereotipo de pessoas. As pessoas têm me olhado torto, elas viram a cara. As mulheres fogem de mim. Elas não querem ouvir minha conversa. Nem o barman me agüenta mais e eu continuo achando que sou melhor do que os outros pensam. As pessoas me evitam. Talvez por vingança. Talvez por eu sempre ter evitado elas, agora estou levando o troco.
Eu me sinto deslocado. Porque apesar de ninguém gostar de mim, eu gosto. Eu gosto do meu jeito. Das minhas manias. Do jazz e do uísque. Das unhas roídas, dessa barriga acumulada ao longo dos anos. Eu gosto de saber quem é Buckowski, de ter livros, de ler. Eu gosto de gostar de ser assim. De não me importar com o que os outros pensam. E não dá pra levar a sério uma banda que toca pagode, axé, sertanejo e reggae. Não dá pra levar a sério quem acha isso o máximo.
Que eu não sou de sair por aí contabilizando beijos para fechar o balanço. Mas pergunto “dá o cu?”, embora eu saiba que cu não se pede, se come. Que eu prefiro as miras técnicas aos programas de domingo. Que eu não coloco gelo no uísque. Que eu vou com sede ao pote. Que eu prefiro um blues ao hino da bandeira. Que tudo o que eu vivo, vivo pra contar. Só que tá sendo difícil achar os adjetivos certos.
Eu vou fazer o quê se não tem mais ninguém por perto que goste do que eu gosto? Se todo mundo me critica por não fazer a barba? Se eles querem que eu emagreça? Ta todo mundo mudando de assunto. E nessa, ninguém sabe o que falar. Mas o errado sou eu?
Um cara espera anos para ser contemplado num consórcio. ‘Pagar devagarinho’. E eu sou o maluco. O caixa do banco vai passar a vida inteira contando dinheiro dos outros. Eu sou o doido, e a vendedora vai mostrando a liquidação de verão, a coleção de inverno, aquela blusa da vitrine, tem maior?, e de outra cor?.
Deixa eu ver no estoque.
“Que o cliente tem razão. Que ‘tenque’ aumentar as vendas. A meta, sabe? E tem a comissão também. É boa. Dá pra pagar o mercado e sobra pro salão. ‘Tenque’ ficar bonita pro marido, né.”
É, é...‘tenque’.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Das serenatas restaram os tímpanos.

Deixei jogado num canto meus livros e caderno. Um único caderno, porque um cara como eu não teria mais. Deixei eles lá. E pra ser sincero não to nem aí pra eles. Não que eu desconsidere a importância. São importantes. Assim como atendentes de telemarketing também são. Ou seja, foda-se. Eu não to nem ai se isso vai me fazer falta ou se eu to viajando nas minhas idéias. Foda-se. Foda-se tudo e todos. Eu também. Você também.
O que me irrita não são os livros nem o caderno. Eu gosto de livros. Tenho vários. Leio vários. Leio Buckowski, Henry Miller, John Fante. Tudo junto, tudo ao mesmo tempo. Porque eu não sou de metodologia, e acho uma bosta quando me organizam. Só que eu também acho uma bosta as tardes de sábado no clube. As manhãs de domingo em família. As formas como as pessoas encontraram para amenizarem suas perdas e comemorar seus ganhos. Amenizar o que? Ganharam o que?
Eu não vou mais pegar num lápis. Não vou mesmo. Os livros técnicos que eu joguei naquele canto vão apodrecer ali a partir de agora. Eu não ligo. Eu não quero ligar. Esse é o problema. Sei lá, eu acho que sou uma pessoa cheia de problemas. Eu acho que na verdade eu sou um problema.
Eu me recosto na cadeira e fico encarando tudo o que vejo. Mas não ergo um dedo pra mudar as coisas de lugar. Fodam-se as coisas. Sempre é assim: as coisas aqui, as coisas ali, as coisas lá. E nós. E as pessoas? E você? E eu? E nos dois juntos nas tardes de sábado, bebendo vinho e ouvindo blues? Você gostaria disso não é? Gostaria sim. Eu sei que sim.
Mas as tardes têm sido cada vez mais frias. E os domingos cada vez mais vazios. E você não vem mais com aquele sorriso me pedindo um beijo. E só ta querendo ouvir samba. Nem fumar não fuma mais. E até Paulo Coelho resolver ler. Assim não vai ter jeito. Eu gosto de você, ou gostava, sei lá. Sei lá porque nem sei mais quem você é. Porra, volta!
Os livros vão ficar ali, naquele canto. Você sabe que eu não vou mover um dedo pra pega-los. E você sabe que eu precisaria. Mas só você pode me fazer mudar de idéia. Só você. Você sabe disso. Claro que sabe. Você sabe tudo de mim. Acho até que você é um pouco de mim. Ou era. Não sei. Eu já não sei. Você ta entendendo? Ta entendendo? Porque eu não to. Serio, não to mesmo. Eu já não leio o que escrevo nem ouço o que digo que é pra não ter que pensar demais. E eu não to mais nem aí pro que os outros pensam.
Porra, eu preciso de você! Você não vê? Mas eu preciso de você aqui comigo, não galinhando por ai em qualquer canto. Me ajuda a continuar. Me ajuda. To implorando, você ta vendo. Eu to de joelhos, vê se pelo menos dá a mínima. Pega minha mão e me ajuda a levantar. Acende a luz, liga o rádio. Tira a tv desse canal de putaria. O blues já ta na agulha. Vinho eu comprei. Falta só você. Me tira daqui. Me leva pro céu pela última vez. Me leva pra sua cama e tira a roupa. A minha roupa. A sua roupa. Pela última vez. Pela última vez, e nada mais.

domingo, 8 de junho de 2008

*

- Vai sair nesse frio?
Isso era o tipo de coisa que me deixava irritado. Nada contra sair no frio, mas a pergunta em si me arrependia profundamente de já não estar lá fora. Não era uma pergunta normal, como ‘acompanha fritas?’ ou ‘e ai, comeu?’. Não. Essas perguntas são corriqueiras e por isso, vindo deles, não fazem a menor diferença. O que me acalma, todavia. Acalma não fazer diferença. Mas a pergunta em questão tinha outra intenção.
- Vai sair nesse frio?
O frio gelava mais lá fora que aqui dentro, o que pode parecer natural, e de certa forma é, porém a temperatura aqui dentro era baixa, muito baixa, e o fato de lá fora ser mais frio que aqui dentro me fazia pensar que eu teria sérios problemas caso colocasse os pés do lado de lá da porta.
Aquela porta estava velha, é verdade, e caindo aos pedaços, o que a fazia quase parte da família. Não fosse o fato dela ainda poder permitir ou proibir a gente de fazer algo, no caso passar. Mas ela só fazia isso com a ajuda de alguém que a fizesse abrir ou fechar, o que a tornava novamente um membro da família. A manipulação, a dobradiça.
- Vai sair nesse frio?
Vô, vô. E não me encha o saco, porra! Era isso que eu queria ter dito, mas, obviamente não disse. Em parte por que eu não sou de me deixar levar pelos sentimentos com esse pessoal, e em parte porque eu não tava com saco pra dizer nada. Porque é sempre assim que acontece, a gente tenta fazer algo, mas não consegue fazer sem que tentem impedir. Geralmente é com palavras. Geralmente são eles. Geralmente não conseguem. Mas geralmente é aqui que tudo começa.
- Vai sair nesse frio? Tô falando com você!
Assim que você perde o respeito por si próprio, passa também a não respeitar os outros. E nada do que digam ou façam pode mudar sua opinião e seu modo de agir, falar e ser. Pelo menos era isso que eu achava que aconteceria quando eu passasse por aquela velha porta podre de madeira. Mas ela precisava ser aberta, e alguém tinha de fazê-lo. Óbvio que fui eu. E óbvio que eu queria levar a porta embora comigo para que aquele vão não se fechasse enquanto eu estivesse fora. Mas a dúvida em saber se ela estaria aberta ou fechada quando eu voltasse (se é que algum dia eu iria voltar), isso me excitava.
Resolvi deixá-la ali.
Eu agora queria era conhecer o mundo. Eu agora queria era viver pra mim. A vida começava a ser a minha mais nova namorada, e nossa paixão estava em chamas. Ardendo ao som de um velho blues.
- Vô sim, vô sim.
Eu podia. Eu fui...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A última volta.

Hoje é a última volta, caros visitantes deste humilde blog. Como é doce o sabor da última volta, você corre a semana inteira, subidas, descidas, curvas em ascendente, curvas em decrescente, umas mais abertas, outras mais fechadas, é também natural que em uma ou outra volta haja uma derrapada, afinal de contas para muitos ainda são as primeiras voltas, fato esse que não exclui aqueles que já estão até tontos de dar voltas, também podem derrapar. Derrapar nada mais é do que ficar de frente para tudo aquilo que você já percorreu, serve pra você olhar pra trás e saber que ainda pode ir em frente. Enfim, hoje é a última volta, e o doce sabor da bandeirada final já apruma no horizonte, e sinaliza simpaticamente com alguns copos de cerveja enchugados, muitos sorrisos e a comemoração pelas ruas da nova conquista do novo herói. Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos assim.

William Biagioli.

A última volta.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

3x1

Pois é minha gente... 3 a 1...
São três, contra um, são dois a mais que o único um...
Não importa. Ontem o Timão entrou em campo determinado, centrado, visando um único objetivo: sair com a vitória.
Os corinthianos lotaram o estádio do Morumbi, numa noite com temperaturas mais amenas. 70 mil pessoas esperançosas, roendo unhas, e com o coração na mão.
O jogo em si não foi como o esperado. No 1° tempo o Sport não saiu para o jogo como deveria sair, não encontrou um caminho, não estava bem posicionado dentro do gramado, não criou, e não levou perigo ao gol do Felipe.
Já o corinthians, juntamente com seu 12° jogador (a torcida), entrou embalado, disposto, com raça...
Alessandro entrou tranquilo na partida, sem muito destaque, enquanto Dentinho, desesperado por um gol, estava com fome de bola (vulgo fominha).... e não é que depois de alguns bons jogos, ele achou o dele??? O placar foi aberto com um gol do, então passa-fome, Dentinho...

A galera foi a loucura....
Mesmo tendo tomado um gol, o Sport nao reagiu, não foi buscar..
o Juizão bem que tentou ajudar o pessoal da Ilha do Retiro, mas o Timão estava decidido: VITÓRIA...
Claro que o camisa 17, com sabor de 10, também acharia o dele... Herrera.... DOIS A ZERO...

Assim terminou o 1° tempo.
Na segunda parte, o jogo não foi muito melhor.
O Corinthians entrou meio mal, talvez acomodado com os 2 a zero...mas depois reagiu e voltou a ativa.
O Sport criou um pouco mais...
E as substituições começaram...Trocaram 6 por meia dúzia...
Mas foi depois que Acosta, o ex camisa 10, atual 25, entrou em campo, que o Timão fechou a possivel goleada (mas perdeu muitas chances).
Uma sensasional jogada de Herrera... um contra-ataque BONITO.... Herrera, marcado por 3 recifenses, olhou para sua esquerda e viu Acost inha, pronto, livre para fazer o dele...
Em um passe redondinho a bola achou Acosta que mandou pro fundo pro gol...
TRES A ZERO seria bom demais.... Mas pra que ser bom demais?

Aos 44 do segundo tempo, por um vacilo da defesa (claro...) o Sport fez o dele...
Com um gol fora de casa, o Sport ganhará moral e animo para a proxima partida.


Agora dia 11/06, o ciclo se fechará...
São mais 90 minutos de pura emoção...
Quem ganhar, garante vaga na taça libertadores 2009.
Boa sorte




Por Tassiana Ghorayeb Resende em um ato jornalístico. Esboçando sua vontade de ingressar no mercado esportivo.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Cosmonauta ou Astronauta?

"Astronauta russo conserta banheiro da ISS"

Essa notícia não é no mínimo uma merda?

Bjunda, assinado William

sábado, 17 de maio de 2008

Neuroses Profundas

"Cidade vai fazer terapia para exorcizar má reputação"
Os habitantes de Vierzon estão convidados para participarem de um exercício um tanto singular, neste sábado, 17 de maio: uma sessão de psicanálise coletiva, em escala da cidade. Cerca de cinqüenta cadeiras de praia, dobráveis e de tecido, além de um divã de estilo Le Corbusier, serão instalados no decorrer da tarde numa esplanada situada à proximidade da estação ferroviária. O objetivo: ajudar Vierzon a "se livrar das suas neuroses profundas", conforme explica um panfleto.
E isso me fez pensar uma coisa, imagine por exemplo se alguém ousasse fazer algo semelhante em São Paulo. Se a cidade francesa que conta com 28.500 habitantes e tem neuroses profundas, imaginem a cidade de São Paulo. É realmente o negócio ta Freud.
Beijos
Uilian Biagi o quê?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

O talento

Só mais uma vai, eu juro, é que essa não devia passar em branco.
Está rolando, por que rola, na Internê, um banner, ou famoso Bani, do banco HSBC, que traz a frase. "Ser reconhecido no mundo todo é uma questão de talento".
Apesar da frase parecer ser otimista, eu discordo um pouco, afinal de contas tem uma porrada de gente aí que é reconhecida no mundo inteiro e não é por causa do seu talento. Ou talvez seja, mas pelo talento de se fazer merda. Não é meu caro amigo?




That´s All Folks!!!


O recordista infâme

17h32: Congestionamento em São Paulo já atinge mais de 160 km

O recorde foi de 266 km. Do jeito que o trânsito anda superando a cada semana recordes vai ser medalha de ouro fácil nas Olimpiadas. Pode computar ai. Trânsito Medalha de Ouro, maior recordista do Ano.

P.S: Olhem para mim depois, eu vou ser aquele cara com a placa escrito Eu já sabia!

W.B mais uma vez. beijundas.

Conclamamos ao retorno!

Senhoras e Senhores é com muito prazer que eu vim aqui dar uma comida de rabo!
É isso sim e ponto.
Bom, já é sabido que temos esse espaço algum tempo, e veja bem, falo diretamente com os maiores colaboradores dele: Tassiana e Ricardinho Schneider, o China.
Outro que é sabido é que cada um escreve o que quer, a hora que quer, e da maneira que quer, sempre levantando pontos sabidamente sábios. Hipóteses malucos. Metaliteratura. Escrever pelo prazer, deixar rolar, informar. Enfim, há um bom tempo que eu sinto que a galera anda meio entediada, ta tudo mundo meio cabisbundo, e veja bem, não me excluo da patota dos infelizes. Mas eu conclamo. Não paremos de escrever, pelo menos os meus olhos adoram ler vossos textos e aposto que algumas pessoas também gostam. Inda que seja vossas, nossas e minha mãe.
Um beijo e um abraço para vocês jaguardiones. não parem de escrever. Jamais!

W.B Está de volta.

O Cagaço eis a questão.

E o cagaço? E o cagaço que eu tenho de te ligar? O cagaço de saber se você está, ou estará pronta, ou então querendo me atender. Aí eu te pergunto, e o cagaço?
E o cagaço que faz o coração bater que nem bumbo do pelourinho anunciando o carnaval naqueles malditos instantes que precedem o alô? É o cagaço.
E o cagaço de ficar na espera agoniante dos barulhos espaçados que deixam qualquer galã experiente com cagaço da rejeição. É cabrons, no fundo no fundo, o que é o cagaço senão o glorioso medo da rejeição?
É o cagaço que me faz as vezes desligar após o primeiro toque. Mas geralmente é o cagaço que me faz ligar denovo também. Cagaço de ficar sozinho, cagaço do cansasso, cansasso do cagaço.
E ainda que haja uma pontinha de cagaço, eu não posso esconder o estardalhasso de ouvir uma palavra tão simples, que acaba com o cagaço, manda ele bem longe, lá pro espaço, um apenas e tão longíncuo Alô. É o cagaço.

O texto no final das contas é uma merda. Por falar em cagaço.

William Biagioli, aos 20 anos.

MORTE

Olha só...aposto que quando voce leu o título estranhou, ou não gostou!
POR QUE?
Porque ainda enfretamos certos tipos de tabus, relacionados a alguns temas.
E a morte é um deles....
Mas só não entendo as razões, pois desde o dia que nascemos não temos noção se seremos ricos, pobres, gordos, magros, felizes, empregados, virgens, putas, nem nada que se possa imaginar... Só sabemos que vamos morrer.

NA verdadade resolvi escrever sobre a morte em razão dela ter chegado para algumas pessoas conhecidas.

Existem muitos tipos de mortes, e para uma delas, uma tristeza diferente.

(A tristeza, acredito eu, vem do egoísmo de nós, humanos, que querermos ter sempre a matéria, aquilo que " dá pára tocar".... mas é tristeza).

A morte morrida de uma pessoa de idade, as vezes chega até ser bonito, poético... ja viveu, ja viu, ja pasosu, e agora....descansa.
Mas o assassinato de uma pessoa jovem, que nada fez, é doido....é uma história interrompida por uma pessoa que nada sabe da sua vida...é o futuro que acaba antes mesmo de chegar.

E o suicídio??? Nossa... ainda mais quando é um filho que faz.... NENHUM pai devia ter que enterrar um filho. Nao deve exister coisa mais TRISTE do que isso.

Perder um cachorro também é triste, e ele tendo que ser sacrificado também... Não deviamos ter a opção de escolher se ele deve morrer ou não... pq se ele devesse, teria morrido sozinho.
E fica a culpa também...
enfim...

É triste como a vida pode mudar em milesimos de segundos.. em uma freada, em um tiro, em um salto, em uma injeção, em uma piscada de olhos, em um deslize no boxe, na hora de dormir...!

Mas queria que daqui pra frente as coisas fossem diferentes: que ninguem chorasse a morte, pois se morreu é porque viveu.... E já que viveu, que tenha sido da melhor forma possível, que fiqum lembranças, risadas, lições...


Proximo passo: discutir sobre drogas, sexo, politica e religiao!
Quem se habilita?
WILLIAM...APAREÇAAAAAA!!!!

por: Tassiana Ghorayeb Resende - nao mais conseguindo expor as ideias como sao pensadas!
MAldito tgi!

domingo, 11 de maio de 2008

São Paulo Zero a Zero

Uma estrela cadente. Decadente. Uma loira, um desejo. A noite escura e fria. Arnaldo Antunes, Bob Dylan. Um ônibus. Poltrona 21, lado esquerdo. E alguns quilômetros por hora. Like a Rolling Stone.
Assim parti rumo à cidade sem fim.
Mas nem tudo são flores, e há alguns buracos nessa estrada empoeirada da vida. A estrela caiu, e acertou meu corpo em cheio. O peito. Que peito? Que corpo?
Na Praça Ramos eu a vida sobre a copa das palmeiras. Um dia de céu azul . E a sensação de que há vida acima do oitavo andar de qualquer edifício, com ou sem jardim. Com ou sem curvas.
Mas antes eu vi o orgulho estampado na cara do sossego. A sombra e a cerveja gelada. Óleo diesel e macarrão. Às vezes eu me pegava pensando em parar de me apaixonar. Mas foi diante do hall de entrada da Livraria Cultura da Paulista que eu desisti da ignorância e me atirei de boca no tempo perdido. Impossível não me encantar pelos "dotes informativos' da vendedora. Tive lucros e prejuízos. Me apaixonei sem discernimento e comprei um livro “um pouco mais barato que o normal”.
Os buracos foram aumentado, e as flores não desabrocharam numa tarde de domingo. Eu que me acostumei a ficar, tive de partir. Voltei a pôr o pé na estrada, cabeça longe. Outros quilômetros por hora. E parti decepcionando todas as minhas expectativas de encontrar um novo amor. Ou um velho, reciclado. Temporário. Um que não me fizesse olhar para cima. O topo das palmeiras na Praça Ramos, a estrela cadente.

Ricardo Schneider

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Segundo

Ta, tudo bem. Sou quieto, ando esquisito, e até então não quis dizer sobre os motivos que me levaram a ficar sem minha namorada.
Se você tiver algum interesse em saber, preste atenção nos próximos minutos.

Nunca fui de muitas palavras, mas aquela mulher, realmente, mexeu comigo.
Ela não precisava tirar de mim palavras....ela conseguia o que queria por ser quem era. Sem esforço, sem pedir, sem saber.
Linda, companheira, amiga, preocupada, dedicada.

Meu deus, o que eu fui fazer?!

Moro sozinho, sempre levei minha vida do meu jeito. As vezes nem banho queria tomar, porque afinal, não valia tanto a pena assim deixar de fumar um cigarro, para tomar um banho noturno.
Por ela até isso valia a pena.

A conheci no colégio, quando ainda éramos jovens adolescentes. Nem amigos naquela época a gente era. Mas um dia, sem mais nem menos, depois de algum tempo, ela me surpreendeu fazendo comprar:

- Você não é o...?? (sorrindo)
-Sou!! (meio sem jeito)
- NOssa!!! Quanto tempo! (simpatia) Onde você está indo?
- Para casa.
- Te acompanho.

Ela foi me contando sobre sua vida inteira, sobre o que fazia, o que fez, o que pretendia fazer. Sempre sorrindo.
Eu, que já sou quieto, me encantei com aqueles olhos, com o sorriso, com o jeito como ela mexia seus lábios para falar.

Nos beijamos por volta da uma e meia da madrugada. E desde então, eramos um casal.

Por deus, ela era perfeita!
Fazia amor ora como um devassa, ora como uma princesa. Não recusava um foda sequer, não pedia, não reclamava.

Foi tudo perfeito, até eu começar a me incomodar com o fato dela ser tão perfeita assim.
Não queria que ela saisse, não queria que falasse cm ninguem, que se mexesse - achava que todos veriam nela tudo que ela era para mim.

Foda. Um cara feito eu, quando fica apaixonado, perde a linha em segundos e sem motivos.

Mesmo assim, fui um bosta. Com toda luxúria que nos rodeava, eu a traí inúmeras vezes. Por quê? Porque caras são babacas. Queremos sempre comer umas bucetas diferentes.

Certo dia ela chegou em casa - já cansada de tanto discutir a toa comigo, de tanto problema que eu arrumava para coitada.
-Oi!
Foi em direção a cozinha, começou a lavar a louça, com a maior boa vontade do mundo - já que minha casa parecia um chiqueiro.
-Acho que você devia para de fumar (disse enquanto jogava fora as milhares de bitucas que encontrou nos cinzeiros de casa)
- Não enche meu saco.
- Credo. Estúpido. Isso ai ainda vai te matar.
- Vou morrer se ficar com você isso sim.

Parecia que eu não tinha mais controle sobre mim, nem sobre as palavras. E sem motivo algum.
Os cachorros do vizinho começaram a latir...
Meu sangue subiu.
- Sua vagabunda, foda-se que o cigarro vai me matar, FODA-SE! Você é uma corna! Filha da puta!
-?????????? VOCÊ TA LOUCO?
-CORNA, eu como várias vagabundinhas que nem você, enquanto você se preocupa que o cigarro vai me matar. Sua inútil

Joguei o cinzeiro no chão.
Mandei ela sair da minha casa

Não dei chance dela falar. Xinguei. Falei que tudo que não devia falar.
Quase bati nela.
Ela só falou assim:
-Bate, mas bate com força. VAI, BATE!
Não tive coragem...
Fiz ela quase engolir um cigarro inteiro, enquanto a segurava pelo braço.
Ela saiu.

Por que fiz isso?
Acho que além de punheteiro, eu sou um boçal de primeira linha.

As vezes sinto saudade dela. Mas não me atrevo a ligar.
Tenho vergonha. Pedi desculpas dez mil vezes por motivos que eu mesmo criei, e ela aceitou todos...Mas acho que por gostar dela, prefiro que fique bem longe de mim.
Assim posso ficar tranquilo caso pegue uma doença, em alguma das minhas andanças costumeira ou morra de câncer de pulmão.
Tem gente que não merece me conhecer. Ela foi uma delas.




Por: personagem da cabeça da Tassi - esse não foi tão bom quanto o 1º. Porém o terceiro virá.

sábado, 26 de abril de 2008

Posso?

Antes do Segundo, Terceiro e quarto capítulos da história, pelo licença para atualizar o blog, com um trecho de um dos livros do Herman Hesse.
Pode????
É que conforme eu vou lendo um livro, sempre faço anotações de trechos, frases e pensamentos que me somam algo, que refletem sentimentos ou coisas que não sabemos como dizer.
Hoje me deu vontade de postar um desses trechos.
Espero que gostem.
Obrigada.


"A comunidade é uma coisa muito bela. Mas o que vemos florescer agora não é a verdadeira comunidade. Essa surgira, nova, do conhecimento mútuo dos indivíduos e transformará por algum tempo o mundo. O que hoje existe não é comunidade: é simplesmente o rebanho.
Os homens se unem porque têm medo uns dos outros e cada um se refugia entre seus iguais: rebanho de patrões, rebanho de operários, rebanho de intelectuais... E por que têm medo?
Só se tem medo quando não se está de acordo consigo mesmo. Têm medo porque jamais se atreveram a perseguir seus próprios impulsos anteriores. Uma comunidade formada por induvíduos aterrorizados com o desconhecido que levam dentro de si. Sentem que já periclitaram todas as leis em que baseiam suas vidas, que vivem conforme mandamentos antiquados e que nem sua religião nem sua moral são aquelas que ora necessitamos."


Por Herman Hess, digitado por Tassiana

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Primeiro

Minhas noites são meio cinzas.
Ando de bar e bar, enchendo a cara, fumando meu cigarro, pensando na vida.
Perdi minha namorada, por motivos que não cabem aqui, mas que se atrelam à minha loucura interna e a minha libido.

Vai ver que é por isso que ando batendo muita punheta, ou indo atrás de quem o faça pra mim.
Mas já aprendi uma técnica infalível.

Sento-me ao balcão, desses bares escuros, estilo pub inglês, peço meu wishky com gelo, acendo meu cigarro... passo pela mesa de sinuca, e entre a fumaça que ofusca meus olhos, vou em direção a JukeBox.

É tiro e queda, quando coloco um música, sempre vem uma dessas menininhas abertas que já bebeu um pouco além da conta, dizendo:
"AAAI adoro essa música" e fica dançando olhando pra mim.

Ai não tem erro. As vezes ganho mais do que esperava. Os tempos mudaram. Coitado do meu pai e do meu avó que tinham que pegar na mão, conhecer família, casar, e ai sim ter o mínimo prazer.

Outro dia, em meio a essa minha vida de subsolo, estava eu, só (como sempre prefiro estar), sentado em mais um bar (gosto de me sentar no balcão, mas nao faço amizade com os garçons- acho que pra preservar minha solidão e deixar meus pensamentos irem mais longe).

Na mesa de trás, havia uns 5 caras. Babacas.
Falando de coisas inúteis, um se gabando mais que o outro....Acho que todos devem ter o pinto pequeno.
Em certo momento, passou uma dessas mulheres da vida, se eu não me engano passou em direção ao banheiro. Ela tinha cabelos negros cumpridos, usava saia curta, meia-calça, salto alto e batom vermelho.
Um dos caras grita: "OLHA A VAGABUNDA...Vem cá chupar meu pau, sua filha da puta"
Todos os babacas riem. A mulher ignora e passa.

Me pergunto: Por que desprezar uma pessoa assim? Por que fazer dela motivo de chacota, e humilha-la perante seus amigos?
Além do que, elas tem a profissão mais antiga do mundo, te tratam muito melhor do que, as vezes, sua mulher o tratará, não tem frescuras, devem fazer um boquete muito melhor, e vão suprir todas as suas vontades sexuais sem reclamar.
A única coisa que você terá que fazer é dar dinheiro em troca disso tudo. Se você for casado, vai ter que gastar bem mais, ouvir reclamações, e ainda vai ser difícil convencer sua mulher a fazer um ménage.

Babacas.

Quando o dia estava querendo amanhecer, resolvi que devia encerrar esse capítulo por aqui.
Voltei para casa fedendo a cigarro.
Quero dormir até a hora que a tarde cair, para assim partir para mais um capítulo de minha vida.


Por Personagem da cabeça de Tassiana Ghorayeb Resende.
É só o 1º capítulo.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Aforismos ou Desaforismos?

" Há muito tempo que eu vivi calado
Mas agora resolvi falar..."

Fazia tempo que eu não dava o ar da graça, como tem sido custumeiro, mas hoje resolvi postar.
Vim falar de um negócio que eu pessoalmente acho legal, assim como o Ferreira Gullar, que são aforismos. Aforismos são aquelas frases geniais, aquelas que você lê e pensa: " Patchã que los pariu, é duca!" E logo vira frase de msn. Então hoje resolvi entrar na onda de gozar com o pau dos outros e deixar alguns aforismos que eu achei sensacionais. Divirtam-se:

“Em nossa sociedade, os homens são paranoicamente ambiciosos, porque a ambição paranóica é admirada como uma virtude e os que alcançam sucesso são adorados como se fossem deuses.”

(Aldous Huxley)

“Em Brasília, todos são cínicos e não entendem como você não possa ser (sobre sua passagem como ministro do governo Collor).”

(J.Lutzsenberguer)

E por falar em cinismo, ai vai uma do mestre Millôr, que pessoalmente virou minha frase de msn:

"O cinismo é isso aí, bicho. Já estão tapando o sol sem a peneira"

(Millôr Fernandes)

"A mente é como um pára-quedas. Só funciona se abri-lo."

(Frank Zappa)

"Não é triste mudar de idéias, triste é não ter idéias para mudar."

(Barão de Itararé)

Enfim, existem inúmeras, incontáveis e até mesmo impublicáveis aforismos. Sábios são os que fazem, e cabe a nós lê-los e resolver se levamos adiante ou não. O jaguardiões como blog justíssimo que é, postou. Cabe a você ler. Mande suas sugestões, alguns aforismos que você conhece, ou que você goste. No mais vou deixar meu abraço e um até a próxima para vocês.

William Biagioli, 20 anos de idade.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Pequenos Delitos e Outros Acasos

E o sossego se perdeu em cacos e freada. Um acidente. Todavia, mais um. E embora o tempo esteja em grande fase. E embora a chuva ainda caia e molhe a calçada. E embora a fantasia repita a realidade. Morri mais uma vez. Sempre em vão. Nunca à toa, mas sempre por nada.
Um ferido. É isso que restou de mim. Apenas os ferimentos de mais uma morte mal morrida. Uma morte cretina, sem vista para o mar, sem rosas e sem bossa nova. Mais uma, todavia. A noite turva surpreende. Eu, com motivos, fugi. Fugi de mim. Tinha todos os motivos. E, a contragosto, lancei minha cadeira de rodas de encontro ao trem que iria me levar embora. Uma morte rápida e barulhenta. Com freada e cacos voando. Com a esperança do paraíso perdido.

- e hoje, vai fazer o que?
- não sei. O que tem pra fazer?
- nada.
- então, o que não tem pra fazer?

Um urubu lambendo os beiços. A carniça apodrecida em meio à multidão. Uma mulher linda. Outra não. Um sujeito com roupa de antigamente. Outro não. Um cigarro apagado nas nádegas da garota de programa. Outro não. Dois minutos de conversa fiada. Outros dois para lembrar o nome de uma rua. Uma mulher com corpo em forma de copo americano. Eu tinha todos os motivos para morrer. Mas, e agora?

- aqui todo mundo faz tudo e ninguém faz nada.

Tá, tá. Mas como era mesmo aquela música? Aquela que tocava todos os dias na rádio? Uma que todos cantavam? Ela ficava na cabeça, não saia. Colava. Lembra?
Eu tinha motivos. Mas não agora.

- e aí, comeu?

Uma coisa aconteceu duas vezes na minha vida. A primeira e a última. E embora a mulher com corpo de copo americano não volte, eu me lembro dela. Uma coisa que eu não conhecia era o amor. Não conheço ainda. Não o amor delas. O meu eu sei até onde é incapaz. Mas foi então que eu tive motivos. E fui embora, de encontro à morte. Sem vista para o mar, mas rápida e barulhenta. Uma cadeira de rodas abandonada no pátio. Quebrada. Como minha vida. Como minha solidão.

- mini-hang-loooooooose!!!!!

O que eu quero dizer é que não adianta. Por pior que sejamos, sempre há algo terrível para acontecer. Como quando aquela minha ‘tia-esqueleto’ resolveu ter um filho. Mais um. No auge dos seus quarenta e tantos anos. Como ela era incapaz, pegou um que tava por aí dando sopa. E depois tatuou uma maquiagem em sua cara. Na cara dela, não na da criança. Então se deu conta que ela estava muito velha pra cuidar dela, da criança. Principalmente quando começaram os cocozinhos amarelados, as paredes com pegadas e as primeiras palavras. Ou seja, ela achou que o bebe era um cãozinho abandonado que você ‘pega pra cuidar’, e se ele der muito trabalho, você dá praquele sobrinho ‘meio estranho que vive sozinho’. Daí que ela percebeu que estava velha, apesar do esqueleto maquiado, e não ia conseguir dar conta do moleque. E achou por bem ir às gôndolas do Pão de Açúcar pegar uma ‘criança um pouco mais velha’ pra dar essa conta. Outra que tava por aí dando sopa.
Acontece que é assim. Sempre tem algo pior por vir. Porque depois o esqueleto-tatuado disse que tudo isso era em nome de Deus. Legal, Deus deve estar se revirando no túmulo. É sempre assim. A morte chega para quem menos deveria. Eu tinha motivos. Mas, agora?

- ontem eu saí dirigindo sozinho pela rua e resolvi atropelar cachorros.

Acontece que eu erro, porra! Nem sempre tudo é uma maravilha. Por pior que seja. E eu acertei uma cadela por engano. Uma no cio, me parece. Ela nem reclamou muito. Não latiu alto. Não tinha motivos. Tudo sempre tem a sua primeira vez, inclusive a morte. A morte dos outros. A minha já foi. Faz tempo, inclusive.

- Manual para fazer das crianças pobres churrasco ou Modesta proposta para evitar que as crianças da Irlanda sejam um fardo para os seus pais ou para o seu país.

O que eu quero dizer é que eu não lembro direito quando foi, mas sei que uma vez eu fui uma criança. Daquelas gordinhas, que brincavam sem parar e achavam graça em poodles. E talvez eu até sinta vontade de fazer aquilo tudo outra vez, e esteja involuntariamente sendo um babaca por completo. Mas fazer o que? Leite em pó não adianta, bicho! Eu tinha motivos. Mas não queria. Não agora.

- Decadence avec elegance.

E eu lancei minha cadeirinha de rodas ao encontro daquele trem. Um beijo francês, diga-se de passagem. Mas não há paraíso, não há inferno. Só esse eterno purgatório burocrático. A morte não cala, não sossega, não nos deixa descansar. Não há paz. Nunca houve. A morte também é uma forma de colisão. E de vez em quando a gente ta guiando, de vez em quando a gente ta sendo guiado. Não importa. Não adianta se preocupar, nada vai dar certo.


Ricardo Schneider, apesar de tudo.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

FATO

....E ela andou até o ponto de ônibus.
Ficou lá 5, 6 ou 7 minutos.
Esperando....

De repente, lá do lugar mais longe onde os olhos conseguem enxergar, surge uma pessoa de sexo masculino, gritando, sujo, embriagado.

A figura se aproxima, e aos berros mostra o dedo do meio pra quem tiver na frente (não que ele estivesse vendo alguém, mas)....
As pessoas, como não era de se esperar diferente, vão se afastando, na medida em que ele vai passando pelas mesmas.

"- Mas, meu Deus, que perigo essa pessoa pode causar? Ele mal sabe quem ele é." (pensou ela)

O bêbado continuava a gritar, mas nada se entendia do que dizia. Começou a ser motivo de risadinhas.

(PAUSA)

RISADINHAS?
Pelo amor da mãe do guarda, não se faz piada com a desgraça dos outros. Que coisa FEIA.

(voltando....)


Ela, como uma pessoa que tem coração, se comove. Não ri. Não se move, não tem medo.

E ele lá, mostrando o dedo do meio para os motoristas de ônibus, agora e berrando.

"-CUZÃO, VAI TOMAR NO CÚ. VAI TUDO TOMAR NO CÚ"
E cai bem em cima dela.... que ficou parada no mesmo lugar, sem se mexer e ainda tentou ajudar o cara a se levantar.

Nesse mesmo segundo, como que num filme, um motorista mal-comido ou corno, sei la, tem o nobre trabalho de parar seu coletivo, descer e, vendo o estado da pessoa que o xingara, no chão, começou a descer um, dois, três tapas na cabeça do pobre coitado.
"- Quem é o cuzão, fala seu porra, seu merda!"

- Pára moço, pelo amor de Deus, caralho. Olha o estado do cara. Vai trabalhar!!!!!. QUE MERDAAAA

Como que num surto, são essas palavras que saem da boca dela...
Ajudou o cara a se levantar.
Ele tentou dizer alguma coisa à ela, que por 3 vezes ou mais não entendeu.
Ele seguiu seu caminho.

Bêbado, sozinho, sujo, apanhado.

E ela foi pra casa. Sozinha e triste.
Pensando no que poderia fazer.

Até agora não soube por onde começar!



Por Tassiana Resende - fatos de uma vida real e injusta

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Grandes Delitos e Outros Acasos

A felicidade na sala ao lado. Um esqueleto de bolsos vazios conta moedinhas. Flores mortas e incenso. Mais alguns quadros. Tulipas, hortênsias.
Também são flores. Nove rosas vermelhas ao léu, e o vento soprando em seus cabelos. Sol a pino e o mar.
- mar? mas aqui não tem mar!
Sempre tem. As ondas, a orla, os biquínis. Outras formas de se ver. Assim eu fui levando a vida até 1996.
Em 94 eu explodia bombas ao meu redor enquanto Baggio errava o pênalti. Dois anos depois eu já estava grande o suficiente para perder meu próprio pênalti sozinho. E continuei errando.
Corria sempre, sem parar. Corri para o esgoto e encontrei os ratos. Foram eles que me ensinaram o prazer – grande erro – de revirar lixo. Bebi muito chorume em cristais de luxo. Fiquei a um passo do mar, salmão e outras coisas cínicas – e ortodoxas – mas preferi o Leite Moça, mamado na lata.
Comecei a lamber saibro no começo do século e só parei quando não havia mais grãos. Os martelos batiam sem parar. Levei várias marteladas. Uma me atingiu as pernas, fiquei paralítico. Um efeito inevitável é o inchaço. Foi quando vieram os livros. Primeiro um, depois o outro, até ninguém saber mais o que era o que. A ficção vira realidade. A realidade vira ficção. E eu virei o quê?
- como é que se chama aquilo?
“Aquilo”. É, talvez eu tenha virado “aquilo”.
Em 89 quebrei minha primeira gaiola com a cabeça. Ano passado quebrei outra. Um inferno a olho nu. Outro candidato em potencial. Minha mente devassa meu ser. A ignorância dá tchau com ar nostálgico.
- hablas español?
Hablei. E continuei pregando faixas em muros de concreto. O mais alto que minha cadeira de rodas conseguia chegar era baixo demais. Desisti do Leite Moça e passei ao Chicabon. Me diplomei em decepcionar os outros. Caguei pra Shakespeare e Graça Aranha. Virei filósofo sem ler Nietsche.
Uma bomba relógio ou uma máquina do tempo. Tanto faz. Vai demorar pra que tudo exploda do meu jeito. Como em 94. Como quando quebrei as gaiolas na cabeça. (Ou será que elas é que me quebraram?).
Em 1987 eu me perdia de mim mesmo. Nove rosas vermelhas me (re)encontraram.

Ricardo Schneider