A loira anda todas as tardes por essa rua. A mesma rua onde eu passo todos os dias, menos domingo, porque domingo não saio de casa. A loira é bonita, mas sempre caminha com olhar diferente dos olhares normais das outras mulheres. A loira é misteriosa. Já vi ela indo, já vi ela vindo. As vezes levando o irmão mais novo ao colégio, outras levando ele pra casa. A loira sempre está sozinha. Sozinha e caminhando. Nunca vi a loira sorrir, mas isso nunca me importou. Ela já me viu passar também, olhou discretamente e continuou andando. Ela tem a pele clarinha, tão clara quanto leite. E o cabelo é bem loiro também, não é daqueles loiros oxigenados. É um loiro bem claro, mas natural. Eu queria parar a loira, dizer olá. Mas ela sempre passa tão preocupada. Acho que ela deve ter muitas coisas para fazer. Mas um simples ‘oi’ não toma tempo. Não, eu não quero só um ‘oi’. Eu queria conversar uma tarde inteira. Saber de onde ela vem, pra onde ela vai. Saber seu nome. Mas ela passa sempre tão preocupada, e eu sempre tão besta fico só olhando. Não quero estragar o caminhar da loira. E me contento com a imagem dela, ao por do sol, contra a luz, andando, enquanto seu cabelo reflete o entardecer. Olha pra cá, loira!
Ricardo Schneider, 4 de novembro de 2007.
domingo, 4 de novembro de 2007
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2 comentários:
O china tah xonadinhooo!!
Mas eh pela loira ou pela morena, ou as 2? heheh
O pior que pode acontecer é a loira demorar pra entender o texto.
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