Uma estrela cadente. Decadente. Uma loira, um desejo. A noite escura e fria. Arnaldo Antunes, Bob Dylan. Um ônibus. Poltrona 21, lado esquerdo. E alguns quilômetros por hora. Like a Rolling Stone.
Assim parti rumo à cidade sem fim.
Mas nem tudo são flores, e há alguns buracos nessa estrada empoeirada da vida. A estrela caiu, e acertou meu corpo em cheio. O peito. Que peito? Que corpo?
Na Praça Ramos eu a vida sobre a copa das palmeiras. Um dia de céu azul . E a sensação de que há vida acima do oitavo andar de qualquer edifício, com ou sem jardim. Com ou sem curvas.
Mas antes eu vi o orgulho estampado na cara do sossego. A sombra e a cerveja gelada. Óleo diesel e macarrão. Às vezes eu me pegava pensando em parar de me apaixonar. Mas foi diante do hall de entrada da Livraria Cultura da Paulista que eu desisti da ignorância e me atirei de boca no tempo perdido. Impossível não me encantar pelos "dotes informativos' da vendedora. Tive lucros e prejuízos. Me apaixonei sem discernimento e comprei um livro “um pouco mais barato que o normal”.
Os buracos foram aumentado, e as flores não desabrocharam numa tarde de domingo. Eu que me acostumei a ficar, tive de partir. Voltei a pôr o pé na estrada, cabeça longe. Outros quilômetros por hora. E parti decepcionando todas as minhas expectativas de encontrar um novo amor. Ou um velho, reciclado. Temporário. Um que não me fizesse olhar para cima. O topo das palmeiras na Praça Ramos, a estrela cadente.
Ricardo Schneider
domingo, 11 de maio de 2008
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