quinta-feira, 20 de março de 2008

1095 dias

....
18 anos...
É tempo suficiente?

Passaram-se quase 3 anos, e certas coisas ainda ficam na minha cabeça.
Hoje não direi palavras excitantes, não usarei termos que as vezes me ficam engasgados na ponta da língua, prontos para sair, e sem o menos pudor!

Eram apenas 18 anos.
Um livro que estava começando a contar uma história...
O pior dia da minha vida e de muitas outras pessoas.
Estranho, né?! A vida nos prega peças que, nós humanos, estamos longe de adivinhar ou, simplesmente compreender.
De uma hora para a outra TUDO pode mudar.
Tudo mesmo!

Nunca me esqueço.... parecia um filme.
Era o ponto de virada fulminante, e que a partir de então as coisas iriam se acertar,e tudo terminaria bem (como mandam os cliches cinematograficos)
Mas não foi nada disso.

Aquele cheiro de velório amanhecido - um cheiro que eu não sei descrever, tampouco me recordo qual era ele, mas eu me lembro....
Além do cheiro, me acompanhava uma ânsia de vômito, uma dor no coração, pensamentos infinitos e brancos, raiva..
...parecia um sonho ruim.

Mas foi tudo verdade.
O que tinha diante dos meus olhos, eram 18 anos, era um futuro que brotava, uma flor que se desa brochava - ou desabrocharia.
Era preto.
Uma família de mortos-vivos, uma loucura surreal da qual não se encontra nos filmes de Kubrick, ou na arte nonsense...Não se parecia nem de longe com um conto de fadas.

Minha amiga, minha irmazinha... de tantas histórias, de tantas risadas, de tanto trabalho que me dava quando bebia, de segredos, de dividir, de ajudar, de escutar....

Sim, todo mundo erra
Mas certos erros são impossíveis de serem arrumados ou de não serem cometidos novamente pela mesma pessoa.
Para isso basta estarmos vivos..pra consertar, para aprender, para VIVER...
Mas ela não quis assim...



O salto era sem volta



Não deixou bilhete, não se despediu de ninguém. Ela não teria essa coragem.

15 andares... e com eles sonhos. Sonhos que jamais serão vistos ou conquistados. Agora onde ela está, nada poderia fazer com eles. Foram perdidos em meio de milhões de milhares de coisas imcompreensíveis para nós que aqui ficamos.
Foram desperdiçados.

Um livro incompleto, cheio de páginas em branco. Sem meio... sem fim!

Dizem que quando uma pessoa se mata, ela "mata" pelo menos 2 pessoas. Disso eu não tenho dúvidas, mas que o estrago é ainda maior, por favor, nao tenham dúvidas.


Tenho saudade - e é daquela que NUNCA poderei matar.



Por Tassiana Ghorayeb Resende - 3 anos de saudade.

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